A Ética nas Relações: Boas cercas fazem bons vizinhos
Quando ouvi essa expressão sobre cercas e vizinhos, achei que havia compreendido. Tempo depois, descobri que seu significado era muito mais profundo. Na cultura brasileira, a gente diz que perde o negócio, mas não perde o amigo. Por isso, precisamos falar sobre a ética nas relações.
Na verdade, quando os limites não estão claros, as “cercas” também não são respeitadas. E, muitas vezes, se não estamos conscientes, nem percebemos o desrespeito. E a ética nas relações pode nos ajudar muito nesse sentido.
Na ética das relações, como estabelecer limites saudáveis, ou seja, as cercas?
Nem sempre é fácil saber qual o limite. Acredito que seja uma aprendizagem para a vida toda. Aprendi que os limites devem ser estabelecidos no início das relações e que dificilmente uma relação abusiva se transforma em uma relação saudável. Pelo menos, nunca vi isso acontecer na vida real.
Autoconhecimento é peça-chave na ética das relações:
Em Gestão de Pessoas, ouço sempre que é difícil se relacionar e gerenciar pessoas. Pode ser!
Acredito que a gente precisa, primeiro, aprender a se relacionar bem com a gente mesmo. E estabelecer ética nas relações.
Pode parecer “chavão”, mas a verdade é que se não há autoconhecimento, não existe a possibilidade de conhecermos nossos valores, nossa ética e nossos limites. Se não conhecemos nossos limites, como iremos estabelecê-los?
Quando a gente fala de relações, as pessoas costumam dizer que “devemos fazer aos outros, o que gostaríamos que fizessem pela gente” – essa fórmula pode ter seu valor quando se está falando de honestidade, mas raramente funciona para outros aspectos das nossas vidas. Por quê? Simplesmente porque somos todos diferentes.
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Não funciona tratar todos os funcionários de forma igual, assim como não funciona tratar os amigos e até os filhos de forma idêntica – cada pessoa deve ter seu estilo e sua diversidade respeitados.
Somos todos diversos. Somos todos diferentes e únicos.
Parece difícil, mas não é. Existem processos no mercado que proporcionam grande autoconhecimento – tanto no âmbito profissional quanto no ambiente pessoal. Basta começar.
Escolha que relacionamentos irá manter:
Além de personalidade, é bacana pensarmos em nossos valores e em que tipo de relações queremos ter em nossas vidas. As melhores, sem dúvida, são as relações ganha-ganha. É muito gratificante poder construí-las e nutrí-las.
Da mesma forma, temos a opção de afastar aquelas relações que não nos fazem bem e aprender a amar essas pessoas à distância. Muitas vezes, o afastamento é a opção mais ética que temos de libertá-las e nos libertar de relações em que todos saem perdendo. Isso não parece ser comum na cultura brasileira, apesar de ser uma opção ética e plenamente saudável.
Ter uma visão de futuro também contribui com a ética das relações:
Também faz parte do autoconhecimento o estabelecimento de uma visão de futuro clara e que esteja de acordo com um propósito de vida e com valores individuais e coletivos. A vantagem? Facilitar as escolhas que fazemos na vida. Tais escolhas passam a fazer sentido.
Aí fica bem mais fácil escolher caminhos, relações e projetos porque as encruzilhadas da vida se tornam muito mais claras. E quando nosso projeto de vida está bem definido, estabelecer limites torna-se uma consequência desta visão.
Quando o relacionamento pessoal ou profissional, onde você está inserido, não é uma relação ganha-ganha, lembre-se que você sempre tem escolha.
Quando é hora de estabelecer limites e lutar para assegurar seu poder pessoal, manter sua dignidade, ampliar sua autoconfiança, respeitar seus limites e criar relações ganha-ganha em sua vida, sugiro que você vá em frente.
Você não vai perder o amigo, pois se a relação não era ganha-ganha, na verdade, não era uma verdadeira amizade. E você estará ajudando também aquele que você pensava ser seu amigo. Se a opção for essa, lembre-se de se afastar e agradecer tudo que aquela pessoa trouxe de positivo a sua vida, pois cada um de nós está fazendo o melhor que pode em suas relações.
Existem pessoas que simplesmente não conseguem estabelecer relações ganha-ganha. Então, como podemos ver, é melhor deixar as cercas nos lugares certos.
Conclusão:
Desejo boas “cercas” para todos nós em nossas jornadas. A ética das relações está baseada nelas. E as recompensas do estabelecimento dos limites são enormes.
Deise C. Engelmann
Sincrony – Consultoria em Gestão de Pessoas
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