Coaching: Será que é modismo? Para que serve?
É válido começar pela definição: coaching é um processo individual, de curto prazo, onde um profissional especializado contribui para que outra pessoa possa desenvolver competências. Normalmente, o processo enfatiza uma ou duas competências específicas, garantindo foco. Afinal, coaching é modismo?
O termo “coach” vem do inglês e significa “treinador”. Quando se fala do processo, chamamos de “coaching” e quando falamos do profissional que participa dele, estamos falando do “coachee”.
Em algumas organizações, também se adota o coaching coletivo, em pequenos grupos, sem perder a atenção para o perfil individual de cada participante.
No mercado atual, muito se fala também do líder “coach”, ou seja, aquele que orienta o desenvolvimento de sua equipe. Aí pode-se pensar em um processo contínuo, mas, mesmo assim, com o passar do tempo, são competências diferentes que estarão sendo desenvolvidas de acordo com as necessidades individuais de cada integrante da equipe. Mas será que coaching é modismo?
Coaching, definitivamente, não é um modismo, mas uma tendência em um mundo em constante mudança.
Por que surgiram os processos de coaching?
Os processos de coaching surgiram quando os programas de treinamento começaram a não produzir os resultados necessários e esperados pelas pessoas e organizações. O mundo está globalizado, cada vez mais complexo e, por isso, é necessário trabalhar de forma muito mais inteligente.
Em um ambiente estável, era possível aprender habilidades técnicas e ir gerenciando a carreira e as pessoas de uma forma menos desafiadora. Estamos trabalhando muito mais do que no passado e com muito menos recursos, inclusive de tempo.
As equipes também ficaram muito menores e agora precisamos lidar com um número de assuntos como nunca nos foi exigido antes. A hierarquia também foi “achatada” e temos que tomar muitas decisões que, antes, não eram necessárias ou não eram exigidas de nós.
As necessidades individuais no trabalho também estão mudando rapidamente. As crianças não obedecem mais aos pais como no passado e, muito menos, seu líder imediato – quando estas chegam, na fase adulta, ao mercado de trabalho. Antigamente, com o mercado estável, uma grande equipe e muitos níveis hierárquicos para quem se poderia repassar as questões organizacionais, sem precisar decidir, era mais fácil gerenciar.
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As equipes eram treinadas e acreditavam que os “chefes” sempre sabiam melhor o que era necessário fazer – e realmente era mais fácil saber o que fazer naquele ambiente estável onde a solução do passado poderia ser repetida com êxito. Então, naquela época, quanto mais experiência uma pessoa tinha, melhor era para a empresa.
Hoje, as soluções não são óbvias e o mercado e as organizações se tornaram espaços verdadeiramente complexos.
Antigamente, as organizações competiam com concorrentes que estavam na cidade ao lado, no Estado ou no país. Atualmente, a concorrência é global – não só por clientes, mas também pela contratação de bons profissionais.
Para que adotar coaching se sempre tivemos sucesso sem utilizar esse tipo de ferramenta?
Os processos de coaching vieram suprir uma lacuna que sempre existiu no desenvolvimento de pessoas, mas que ficava “escondida” no sistema, graças à estabilidade do mundo. Os programas de treinamento – ferramenta clássica na história das organizações – fazia com que as empresas adotassem o mesmo “remédio” para todo mundo – como se todas as pessoas fossem iguais. O treinamento funcionava bem porque as habilidades técnicas são perfeitamente possíveis de aprender através de treinamento e as competências humanas e de liderança não eram tão solicitadas no mundo do trabalho.
No entanto, com o cenário mais complexo, as diferentes demandas individuais de desenvolvimento começaram a aparecer no dia-a-dia das organizações e começaram a significar ganhos ou prejuízos financeiros no mundo capitalista.
E as empresas começaram a perceber que ter uma solução individual sob medida poderia economizar tempo, dinheiro e trazer resultados que nenhum programa de treinamento teria no desenvolvimento de competências individuais.
Mas, então, para que servem os programas de educação e treinamento?
Evidentemente, tais ações têm muito valor nas organizações para a disseminação de conceitos, ferramentas, habilidades, conhecimento, troca de experiências e integração entre as pessoas.
Assim como coaching não é a solução para todas as coisas, os programas de educação e treinamento também não o são. O importante é utilizar a ferramenta certa que atenda de forma correta a necessidade de desenvolvimento daquela empresa ou pessoa.
Conclusão
A grande receita é pensar de forma customizada em uma solução que seja adequada para cada cultura organizacional, ramo e porte da empresa em questão ou mesmo para aquele profissional que busca tal desenvolvimento.
E os processos de coaching, assim como os projetos de educação e treinamento, podem contribuir muito nesse sentido – desde que utilizados de forma correta.
Deise C. Engelmann
Sincrony – Consultoria em Gestão de Pessoas
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