Meus familiares são meus sócios… e agora?

As empresas familiares representam 90% dos negócios brasileiros, segundo o IBGE. Ou seja, ter familiares como sócios é muito comum no Brasil.

Obter orientações e ferramentas de gestão pode ser fundamental ao sucesso do empreendimento familiar, pois apenas 5% das empresas familiares chegam à terceira geração, ou seja, aos netos.

Vale lembrar que empresas familiares de sucesso têm muito a ensinar, pois souberam utilizar suas forças através das gerações. No entanto, também devem levar em consideração o desafio de ter familiares como sócios.

Que medidas podem ser adotadas para facilitar o relacionamento entre familiares como sócios de uma empresa?

– Defina papéis para cada familiar dentro da sociedade:

Deixar claro qual o papel e responsabilidade de cada sócio na empresa, no patrimônio e na família pode contribuir muito para a harmonia de papéis e para reduzir o efeito de orientações contraditórias dentro da sociedade familiar. O fato de familiares serem sócios faz com que, por vezes, essas dimensões e papéis fiquem confusos ou sejam misturados, o que pode ser fonte de conflito entre os sócios que são familiares.

– Diferencie as dimensões empresa, família e patrimônio:

Essa diferenciação proporciona o estabelecimento de regras claras sobre a utilização dos elementos que compõem a sociedade familiar. Por exemplo, é importante definir quem poderá receber dinheiro, plano de saúde ou utilizar carros da empresa.

Da mesma forma, é importante esclarecer que assuntos serão tratados nas reuniões da família e da empresa ou ainda como será empregado o patrimônio familiar.

Quando familiares são sócios é fundamental que essas dimensões estejam muito claras para todos. Esse é um dos segredos de sucesso das empresas familiares mais bem-sucedidas do mundo.

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– Estabeleça um Código de Ética entre familiares que são sócios: 

Ter parâmetros éticos pode prevenir possíveis conflitos de interesse ou mesmo ações danosas de um ou mais sócios. Vale lembrar que tais ações danosas, por vezes, são geradas por falta de conhecimento ou experiência em gestão de empresas ou mesmo de forma inconsciente.

Quando os familiares são sócios é ainda mais importante que a ética seja a base desse relacionamento, pois, caso contrário, isso poderá gerar problemas não só nos negócios, mas também na família.

– Delegue poderes para as novas gerações de acordo com suas competências, experiências e preparação técnica:

É importante que as novas gerações sejam preparadas para assumir os negócios familiares se assim desejarem. Recomenda-se que os herdeiros tenham vivências profissionais em outras empresas antes de assumir responsabilidades e poderes dentro da estrutura familiar.

Mesmo depois de terem outras experiências profissionais, onde tiveram que seguir orientações de pessoas de fora da família, é importante que os desafios delegados aos herdeiros sejam compatíveis com suas competências atuais.

À medida em que os herdeiros tenham sucesso nestes pequenos desafios é que a carga de responsabilidades poderá ser gradativamente ampliada.

– Formalize processos internos na sociedade familiar, especialmente quando familiares são sócios: 

Racionalizar processos é um dos segredos das sociedades familiares que se perpetuaram. A profissionalização dos negócios pode ser feita através da preparação de familiares para cargos estratégicos, da contratação de profissionais não pertencentes à família ou ainda da mescla destas duas estratégias.

Mais importante do que ser ou não familiar é poder contar com profissionais que tenham as competências necessárias para o sucesso presente e futuro do negócio em questão.

– Tenha um plano estratégico para a construção do futuro desejado:

Ter um plano para o futuro pode trazer sinergia entre as ações que estão sendo executadas pelos sócios. Além disso, o diálogo para o estabelecimento do plano estratégico faz com que as expectativas de futuro sejam gerenciadas dentro da família.

– Gerencie conflitos, pois os seus familiares são seus sócios: 

Como qualquer relação humana, as sociedades familiares também precisam gerenciar conflitos. As sociedades familiares de sucesso não são as que não têm conflitos, mas as que sabem gerenciá-los.

Existem ferramentas no mercado que podem facilitar muito esse processo de gerenciamento de conflitos. Quando os familiares são também sócios, essas ferramentas se tornam ainda mais estratégicas para que o diálogo entre as partes possa ser mantido e se torne cada vez mais produtivo.

Conclusão:

Disponibilizar ferramentas profissionais para o gerenciamento da sociedade familiar pode facilitar o caminho para o sucesso presente e futuro em qualquer uma de suas dimensões: empresa, família ou patrimônio. E você irá descobrir que ter familiares como sócios pode ser fonte de satisfação e um excelente negócio!

Deise C. Engelmann
Sincrony – Consultoria em Gestão de Pessoas