Como gerenciar as Diferenças Culturais no Mundo dos Negócios?

A globalização não é um fato novo nos negócios. Há mais de 20 anos já se fala do impacto do mundo global nas nossas vidas. Cada vez mais estamos precisando saber como gerenciar diferenças culturais no mundo dos negócios.

Quando percebemos, estamos em contato com estrangeiros, negociando com estrangeiros, falando com estrangeiros, comprando ou vendendo para outros países. É cada vez mais comum.

No entanto, nem todas as organizações parecem dar a atenção adequada para este aspecto: saber como gerenciar as diferenças culturais.

A consequência imediata é a perda de negócios internacionais pela simples falta de compreensão da cultura e dos costumes do país com o qual estão negociando.

Exemplos de Diferenças Culturais no Mundo dos Negócios:

Os exemplos são bem claros: A Disney instalada na Europa, sem o devido cuidado de adaptação intercultural, trouxe um prejuízo imenso que quase levou a empresa à falência. Adotar o modelo americano da Disney e simplesmente levá-lo para a França não funcionou bem: vender hamburguer, batata frita, bichinhos de pelúcia, canecas e camisetas não combinou com os hábitos europeus. O assunto foi parar na imprensa.

A empresa de comida para bêbe na África, onde as pessoas tem dificuldade de leitura e compram produtos com base nas gravuras das embalagens, teve sua “papinha para bebê” encalhada nas prateleiras porque as pessoas pensavam que havia “gente moída” dentro dos pequenos frascos.

Temos ainda o exemplo da pizza, cuja embalagem mostrava uma personagem infantil de saia curta, considerada indecente em algumas culturas – as vendas não aconteceram nesses países, graças à embalagem equivocada do produto. Será que os asiáticos iriam conseguir exportar carne de cachorro para o Brasil? Afinal, o consumo do produto existe por lá.

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Existem muitos exemplos de empresas que já perderam muito dinheiro por não respeitarem as diferenças culturais ao tentar atuar entre estrangeiros ou tentar implementar uma estratégia de internacionalização.

O mundo está globalizado, mas as diferenças culturais continuam a existir e merecem muita atenção.

Então, por que internacionalizar?

A internacionalização é cada vez menos uma escolha. É a consequência natural para aquelas empresas que querem aumentar lucratividade e eliminar a dependência de um único mercado geográfico.

Ainda assim, poucas organizações estão preparadas para gerenciar as diferenças culturais no mundo dos negócios. A maior parte das multinacionais no mundo desenvolvem seus produtos, serviços e modelos organizacionais no seu país de origem e tentam reproduzir seus negócios em lugares distantes.

Quando não existe a análise cultural adequada, isso pode representar um grande prejuízo, como muitas empresas já experimentaram, conforme os exemplos citados acima.

As diferenças culturais são extremamente relevantes em negociações internacionais:

Se for negociar com árabes, favor não assinar o contrato com a mão esquerda. Esta é reservada para as atividades menos nobres. Se a negociação for com italianos, não vá de cabelos molhados (sinal de desleixo naquela cultura).

Se for na China, lembre que provavelmente os chineses vão lhe fazer beber muito, antes de fechar negócio. No Leste Europeu, melhor não elogiar os ciganos. Na Índia, o sistema de castas é proibido pela Constituição, mas muito presente na cultura e importante para, pelo menos, 80% da imensa população.

E com os britânicos? É melhor cumprir os horários! Os celulares com tecnologia GSM nos permitem falar com qualquer parte do mundo facilmente, mas as barreiras interculturais podem acabar com qualquer negociação comercial ou relação pessoal.

Vivemos em uma “Torre de Babel”….

Como minimizar os impactos interculturais?

A primeira medida é lembrar que nenhuma cultura é única. Também precisamos lembrar que nenhuma cultura está “certa” ou “errada”, mas que cada cultura é diferente pela sua história, costumes e aspectos que vão sendo aprendidos pela população. Às vezes, parecem tão comuns para as pessoas de uma determinada cultura que estas nem percebem mais. Parece “normal” agir assim.

Quando um expatriado vai morar em outro país, um executivo vai participar de uma viagem ou negociação internacional, é necessário ter atenção com a cultura de destino.

Se a mudança for complexa, é válida a aplicação de uma preparação intercultural através de um processo de coaching para toda a família do expatriado. No caso de uma negociação internacional, no mínimo, deve-se pesquisar para evitar gafes interculturais e entender melhor o seu interlocutor estrangeiro. Em alguns casos, um mediador que possa mostrar as diferenças culturais, torna-se muito útil.

Conclusão:

Vale lembrar que ninguém deve se agredir para agradar quem quer que seja, brasileiro ou estrangeiro. É possível continuar sendo brasileiro, gostando de futebol e sem necessariamente rezar várias vezes por dia, voltado para Meca – como os muçulmanos. Ao mesmo tempo, não precisamos agredir a cultura que é diferente da nossa. Respeito é fundamental em qualquer cultura!

Deise C. Engelmann
Sincrony – Consultoria em Gestão de Pessoas