Como construir ambientes colaborativos no trabalho?
A colaboração entre pessoas e áreas nas empresas têm se mostrado um desafio constante. E a construção de ambientes colaborativos também.
É comum se verificar que pessoas e organizações buscam dividir a realidade, cada vez mais complexa no trabalho, em pequenas partes com a expectativa de simplifica-la. No entanto, dividir as atividades nos diversos departamentos e entre as pessoas não elimina a necessidade de examinarmos como essas partes irão integrar o todo.
Olhar apenas as árvores e se esquecer da floresta é caminho certo para a construção de problemas futuros. O pensamento sistêmico é uma linguagem que evita este efeito e nos permite saber em que ponto da empresa é necessário fazer alterações para que exista sucesso conjunto.
Como o pensamento sistêmico pode contribuir para a construção de ambientes colaborativos no trabalho?
– Invista na aprendizagem de ferramentas de pensamento sistêmico para construir ambientes colaborativos:
Este conjunto de ferramentas, que tem como base a teoria de Peter Senge, serve para que as pessoas consigam perceber que a ação de uma área tem impacto no resultado da empresa como um todo. Quando uma área da empresa vai bem, não significa que a empresa esteja indo bem. No entanto, quando uma área não vai bem, pode afetar e colocar em risco toda a empresa. E isso faz com que as pessoas se tornem muito mais conscientes de suas ações. E é, a partir daí, que os ambientes colaborativos começam a ter lugar nas empresas.
– Utilize as ferramentas de pensamento sistêmico nas reuniões da empresa na presença de representantes das várias áreas:
Um dos segredos da construção de ambientes colaborativos no trabalho é demonstrar, através desta metodologia, como cada área afeta o todo pode contribuir na ampliação de consciência dos membros da equipe. Tais ferramentas ajudam a evitar que a área de vendas, por exemplo, queira vender sem se preocupar se é possível produzir.
Da mesma forma, é importante que a área produtiva se preocupe em atender às necessidades dos clientes da empresa e não apenas em produzir para atingir sua meta.
As ferramentas de pensamento sistêmico tornam possível identificar quais são os pontos de alavancagem (ou seja, os pontos que precisam ser modificados na empresa). E isso pode fazer toda a diferença entre a colaboração entre áreas ou o discurso “eu já fiz a minha parte e não preciso me preocupar com o problema “dos outros””.
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– Lembre-se de que é mais fácil pensar sistemicamente em equipe e que este é um pilar de um ambiente colaborativo:
Se a empresa precisa da colaboração das pessoas entre áreas, nada melhor do que chamar as pessoas envolvidas para dialogar sobre isso. Para compreender o impacto que uma área tem sobre a outra, nada melhor do que ter a presença de seus representantes para ajudar na compreensão do sistema todo. Diálogo e aprendizagem em equipe são pilares essenciais na construção de ambientes colaborativos no trabalho.
– Estabeleça uma visão de futuro compartilhada que contribua com a construção de um ambiente colaborativo:
Quando as pessoas participam da elaboração de uma visão de futuro positiva para a empresa, que estas querem ajudar a construir, a tendência é que elas se tornem mais colaborativas. As pessoas tendem a resistir às mudanças que elas não querem realizar na prática. E vale lembrar que são as pessoas que constrõem e mantêm ambientes colaborativos nas empresas.
– Revise constantemente os modelos mentais existentes na empresa:
Os modelos mentais representam a nossa forma de pensar. Quando pensamos, por exemplo, que o cliente compra em razão do melhor preço, investiremos em eficiência operacional. Quando acreditamos que o cliente compra pela diferenciação, tendemos a investir em inovação, podendo deixar o preço em segundo plano.
Quando os modelos mentais não são revisados, corre-se o risco de não acompanhar as mudanças que estão acontecendo no mundo externo, o que poderia levar ao fracasso organizacional.
– Estimule o trabalho em equipe e a aprendizagem entre áreas, o que irá contribuir com a construção de ambientes colaborativos na empresa:
Em um cenário em que a concorrência tornou-se mundial, é necessário trabalhar de forma mais inteligente. A utilização da sinergia das equipes e a aprendizagem coletiva pode trazer essa solução de forma natural. É através do diálogo que equipes podem aprender coletivamente e criar inovações que trarão a sustentabilidade ao negócio. E são os ambientes colaborativos no trabalho e o pensamento sistêmico que tornam isso possível.
– Invista em maestria pessoal, o que pode facilitar os ambientes colaborativos no trabalho:
As pessoas que sabem gerenciar a si mesmas têm melhores condições de liderar, participar de equipes e de colaborar com o ambiente de trabalho. Identificar sua própria visão de futuro, seus valores e poder conectá-los com o projeto organizacional trará a energia necessária para fazer este processo valer a pena em uma relação ganha-ganha.
– Leve para a prática as soluções sistêmicas encontradas durante as reuniões de diálogo e aprendizagem:
Além de encontrar os pontos de alavancagem no sistema, ou seja, as ações que trarão grande resultado com o menor esforço possível, é importante colocar tais ações em prática. Quando isso não acontece, o diálogo torna-se vazio e as pessoas não conseguem sustentar seu comprometimento por muito tempo. E, como consequência natural, a colaboração entre as pessoas acaba ficando igualmente prejudicada.
– Estabeleça valores organizacionais como regras para a empresa, o que pode contribuir muito com a construção de um ambiente colaborativo:
Identificar valores que contribuam com o trabalho em equipe, com o pensamento sistêmico e com a colaboração entre pessoas e áreas é importante. Quando as pessoas podem contar com valores claros, elas podem ter uma orientação sobre qual é o comportamento recomendado para o ambiente de trabalho. Lembre-se de respeitar os valores organizacionais ao promover, reconhecer e também demitir profissionais na empresa.
– Lembre-se de que não é possível ajudar quem não quer ser ajudado:
Ferramentas de pensamento sistêmico ajudam as pessoas a ter mais consciência a respeito de suas ações organizacionais. No entanto, a ferramenta em si não faz as pessoas mudarem seu comportamento. Esta é uma decisão individual. Cabe à empresa definir que ações serão tomadas em relação a quem pensa e defende o sistema e a quem continua enxergando, agindo e defendendo apenas seu interesse individual.
Conclusão:
Como podemos ver, a construção de um ambiente colaborativo de trabalho tem como base a ampliação da consciência dos integrantes das equipes a respeito de suas ações individuais e coletivas. E as ferramentas de pensamento sistêmico são um caminho que torna tal colaboração possível quando as pessoas e empresas estão dispostas a trabalhar de forma mais inteligente.
Deise C. Engelmann
Sincrony – Consultoria em Gestão de Pessoas
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