O Líder-Herói nos Tempos Atuais

Hoje vamos falar dos líderes-heróis!

Nos tempos atuais, as organizações precisam que seus líderes tenham comportamentos verdadeiramente heróicos. A estabilidade e o ambiente previsível parecem não mais existir. Em seu lugar estão a interdependência perceptível entre países, empresas e pessoas, especialmente em momentos desafiadores e em condições, por vezes, adversas.

Com base em manuais tradicionais de liderança, o papel de um líder-herói seria comandar, dar ordens e controlar resultados. O líder-herói, em seu papel tradicional, seria movido pelo ego e teria todos os holofotes apontados para si. Essa abordagem por muito tempo exigiu que o líder-herói tivesse todas as respostas através do controle do ambiente externo à equipe. Em um mundo previsível e pouco integrado, isso até era possível. No entanto, a previsibilidade e a condição de ter pouca concorrência deixaram de existir.

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Então, o que é ser um verdadeiro líder-herói nos tempos atuais?

Para responder a essa pergunta, podemos ter como inspiração a expedição de Ernest Shackleton, iniciada em 1914, rumo à Antártida. Segundo sua neta, Alexandra Shackleton, a maior realização deste grande líder britânico foi “transformar o desastre em triunfo”.

Esta expedição tornou-se famosa por, apesar de não ter conseguido completar sua trajetória ao pólo sul e fracassar muito próximo de seu destino, ser uma experiência tão significativa que todos os homens foram resgatados com vida, em 1916, após terem enfrentado condições extremamente adversas em meio ao gelo.

Shackleton e sua equipe viram seu navio encalhar no gelo e depois afundar. Quando pensavam que o pior já havia acontecido, descobriam que as condições estavam se tornando cada vez piores.

Ainda assim, vários dos sobreviventes descrevem esta expedição como a melhor experiência de suas vidas pela atuação do seu líder Shackleton.

Sem a atuação extraordinária do líder Shackleton, a equipe admite que jamais teria conseguido sobreviver à experiência.

Quais as lições que o líder-herói Shackleton deixou como legado aos líderes atuais que também enfrentam condições adversas e imprevisíveis?

– Mesmo quando não se tem certeza sobre o destino, podemos transformar a jornada em algo extraordinário, aproveitando o que há de potencialidade aqui e agora;

– O verdadeiro Santo Graal de qualquer expedição na vida é o autoconhecimento, o amadurecimento e a sabedoria que cada situação pode nos trazer;

– Sem altos e baixos não existem heróis. Nos momentos desafiadores, nossas maiores forças podem ser mobilizadas em sentido positivo;

– O líder como herói é aquele que serve de “porto seguro” para sua equipe quando o ambiente externo não traz estabilidade. Este líder, ao mesmo tempo, ensina a autoconfiança para que cada membro da equipe possa se manter com suas “próprias pernas”, desenvolvendo autonomia. Desta forma, o líder-herói faz o que é verdadeiramente heróico: volta sua atenção para as potencialidades da equipe;

– Atualmente, o líder-herói não é mais aquele que tem todas as respostas ou que resolve tudo sozinho, mas que sabe fazer as perguntas certas e ouvir sua equipe, transmitindo tranquilidade e criando um ambiente em que o diálogo possa estar presente. É alguém que diz: “Vamos resolver isso juntos”;

– O líder-herói conhece os talentos, características e limitações de cada integrante da equipe e sabe como utilizá-los a favor do coletivo. Ernest Shackleton sabia exatamente quem era cada integrante da expedição. Por isso, tratava cada pessoa de forma diferente, de acordo com suas necessidades e potencialidades. Esse foi um dos grandes segredos para que todos se salvassem;

– Em condições adversas é necessário utilizar, mais do que nunca, o espírito criativo da equipe para se tentar soluções ainda não testadas antes, mesmo que tais soluções pareçam absurdas em um primeiro momento. Só o fato de as pessoas estarem tentando algo novo já as ajuda em seu autodesenvolvimento e a manter o ânimo da equipe em alta, pelo simples fato de estarem em movimento;

– É necessário ter audácia nos planos, mas ter muita cautela em sua execução, prestando atenção aos detalhes – se quisermos que todos estejam “vivos” ao final da jornada;

– E, acima de tudo, devemos aprender a trocar a expressão “o que eu ganho com isso?” por “o que eu aprendo com isso?” – transformando as relações cotidianas em relações ganha-ganha, com respeito e consideração pelas outras partes envolvidas, o que poderá ser o nosso maior legado como líderes.

Conclusão:

Líderes-heróis são aqueles que se voltam às necessidades de sua equipe e do momento que seus integrantes estão vivenciando. Eles utilizam sua alma ao invés do seu ego.

Líderes-heróis não têm como ter certeza dos resultados das suas ações em ambientes de extrema instabilidade. No entanto, farão o melhor que podem para transmitir segurança e manter o foco da equipe nas soluções e não nas tormentas do caminho. E merecem reconhecimento por isso.

Deise C. Engelmann
Sincrony – Consultoria em Gestão de Pessoas