Os Psicopatas nas Empresas

Os Psicopatas nas Empresas

Sim, psicopatas organizacionais existem. Na verdade, pesquisas mostram que uma em cada vinte e cinco pessoas no mundo é um(a) psicopata. O assunto é polêmico. Os atos de maldade são parte do cotidiano das organizações.

Um psicopata se caracteriza por uma pessoa que não é capaz de sentir culpa, compaixão ou empatia pelas outras pessoas. Podem ser homens ou mulheres.

Os psicopatas não podem ser considerados pessoas doentes, pois têm plena consciência do mal que causam às outras pessoas e simplesmente não se importam com isso. Uma sociedade que enaltece o “ter” ao invés de “ser” faz com que os psicopatas possam agir livremente em várias organizações e possam até ser valorizados e recompensados pelos resultados que alcançam – a questão aqui são os meios que utilizam para chegar a tais resultados.

Que aspectos devem ser considerados ao se conviver com um(a) psicopata no ambiente de trabalho?

aspectos que devem ser considerados ao se conviver com um psicopata

– O diagnóstico de psicopatia deve ser feito por profissionais especializados:

O objetivo deste artigo não é gerar uma “caça às bruxas”, mas oferecer mecanismos de autoproteção em relação ao mal que certamente existe no mundo do trabalho. Por vezes, é difícil para as pessoas aceitarem que pessoas más existem, o que faz com que pessoas honestas e trabalhadoras acabem se tornando as vítimas preferidas dos psicopatas.

Não é necessário fazer um diagnóstico de psicopatia para aprender a se proteger de ações mal-intencionadas no ambiente de trabalho.

– Psicopatas não podem ser reconhecidos pela aparência:

Ao contrário da crença popular, os psicopatas não são necessariamente pessoas com aparência assustadora. Existem psicopatas em todos os grupos sociais: homens, mulheres, em todas as raças, faixas etárias, nacionalidades, religiões, classes sociais, nos mais diversos cargos nas empresas e profissões.

Lembre-se sempre que os psicopatas estão infiltrados na sociedade como “pessoas comuns”.

– A maior parte dos psicopatas não mata:

Muitas pessoas associam os psicopatas com serial killers (matadores em série) dos filmes. No entanto, a maior parte dos psicopatas não chega a matar.

Existem os psicopatas considerados leves que aplicam golpes, realizam trapaças e pequenos roubos.

Os psicopatas intermediários ou médios aplicam golpes maiores e, em geral, coletivos, mas também, de forma geral, não matam.

Já os psicopatas graves podem matar para obter seus objetivos e inclusive utilizar métodos cruéis e sofisticados para fazer isso.

Considera-se que 1% dos psicopatas matam. No entanto, o fato dos psicopatas leves e intermediários, de forma geral, não matarem, não os torna menos perigosos, pois eles costumam deixar um rastro de destruição na vida das pessoas.

O único objetivo dos psicopatas é obter algum tipo de vantagem pessoal ou apenas se divertir com o sofrimento alheio.

Leia também: Felicidade no Trabalho: como construí-la?

– Os psicopatas organizacionais têm capacidade cognitiva intacta e são muito pobres em termos emocionais:

É muito comum os psicopatas fingirem sentimentos para que possam conseguir de outras pessoas aquilo que lhes trará benefício unilateral. Psicopatas não têm amigos e não são capazes de se arrepender dos crimes ou maldades que cometem. Psicopatas não são capazes de amar, mas são capazes de fingir amor para conseguir o que querem.

No trabalho, eles rapidamente tornam-se os melhores amigos das pessoas para obter informações que serão usadas posteriormente contra elas.

– Psicopatas organizacionais são motivados por poder, dinheiro ou diversão:

Para os psicopatas, enganar as pessoas é fonte de diversão. Também buscam dinheiro e poder e são capazes de atos de profunda maldade para conseguir isso.

Roubar, mentir, trapacear no jogo organizacional, falsificar documentos e/ou assinaturas, cometer crimes, “puxar o tapete” do seu líder, de colegas ou de subordinados são parte de suas estratégias para avançar na carreira.

Psicopatas cometem crimes

Psicopatas organizacionais costumam tentar convencer pessoas próximas que cometer crimes (tais como sonegação de impostos, adulteração de relatórios, criação de documentos fictícios, falsificação de assinaturas, enganar um sócio ou cliente, entre outros) são parte da vida corporativa. E costumam dizer que “como todo mundo faz”, não há problema.

Em geral, quando o delito é descoberto, os psicopatas organizacionais saem ilesos, deixando a culpa recair sobre aqueles que eles mesmos conseguiram convencer a praticar tal crime.

Lembre-se que psicopatas organizacionais são frios e calculistas e não têm qualquer preocupação social. Psicopatas utilizam as pessoas como se fossem objetos destinados a fornecer seus objetivos individualistas.

– Nem todas as pessoas que cometem crimes são psicopatas:

Na verdade, a maior parte dos criminosos não são psicopatas. A diferença entre um criminoso comum e um psicopata é que o primeiro tem a capacidade de se arrepender e de se regenerar. Já os psicopatas não são capazes de sentir culpa ou arrependimento, o que impede que eles sejam recuperáveis.

Infelizmente, ainda não há na psicologia ou psiquiatria uma solução para a psicopatia. Atualmente, uma pessoa que nasce psicopata, infelizmente, morre como um(a) psicopata.

Vídeo “Psicopatas Organizacionais existem?”. Para assistir no YouTube, clique aqui!

– Em geral, os psicopatas organizacionais se mostram, em um primeiro momento, melhores do que as outras pessoas:

Psicopatas organizacionais, de forma geral, mostram-se preocupados com as pessoas, talentosos, muito inteligentes, por vezes, simpáticos, ou seja, parecem ser a pessoa perfeita.

Essa é uma estratégia para se aproximarem das pessoas até que elas lhes forneçam as informações que precisam para atingir o seu objetivo ou aquelas informações que irão utilizar contra aquela mesma pessoa em um momento seguinte.

Tome cuidado com pessoas excessivamente bajuladoras e que dizem exatamente o que você quer ouvir.

Cuidado com pessoas que parecem “perfeitas” e que parecem ser “a solução para todos os seus males ou da empresa”. Cuidado com pessoas sobre as quais você não consegue fazer uma lista de pontos fortes e também de fragilidades, pois elas parecem “perfeitas”.

– Psicopatas são mestres em criar intrigas entre as pessoas no trabalho:

Colocar uns contra os outros no trabalho também é uma forma que os psicopatas encontram para obterem vantagem para si. Desta forma, além de ser fonte de diversão, os psicopatas fazem com que cada pessoa conte os pontos fracos de outras pessoas no trabalho, o que se torna “fonte de informação” para as chantagens e trapaças que realizam.

Por este motivo, por vezes, evitam que as pessoas envolvidas se encontrem para que não cruzem as informações fornecidas por ele, pois dizem para cada pessoa o que ela quer ouvir.

São mentirosos profissionais e não sentem qualquer constrangimento em enganar ou prejudicar as pessoas. Pelo contrário, lembre-se que essa é a fonte de sua diversão.

Psicopatas são mestres em criar intrigas

– Psicopatas organizacionais adoram fazer o papel de vítima para que os demais colegas e a organização sejam condescendentes com eles:

Esta é uma estratégia que os psicopatas organizacionais utilizam para evitar a demissão, as tarefas mais difíceis ou aquelas que eles não têm interesse em fazer.

É parte da vida do psicopata encontrar alguém esforçado em quem possam se “encostar”, vivendo e tendo sucesso às custas dessa pessoa ou dessa organização.

Podem ser considerados “parasitas organizacionais”, ou seja, além de não trazerem resultados efetivos no trabalho, ainda prejudicam as outras pessoas sem sentir culpa por isso.

No entanto, muitas vezes, conseguem convencer as “pessoas certas” de que são muito competentes e que a empresa não pode viver sem eles.

– Psicopatas costumam colaborar entre si para obterem vantagem no trabalho:

Não é por acaso que não existem quadrilhas do “bem”. As quadrilhas são compostas por pessoas que têm um objetivo escuso em comum. E os psicopatas, ao contrário das pessoas de bem, costumam colaborar entre si dentro das empresas para obterem vantagens pessoais, sem ter qualquer preocupação com o futuro da empresa e/ou das outras pessoas que a compõem.

Também é comum psicopatas organizacionais indicarem outros psicopatas para processos seletivos da empresa e, dessa forma, obterem reforços nos golpes que pretendem aplicar.

– Por vezes, os psicopatas organizacionais desaparecem sem deixar vestígios:

Quando os psicopatas organizacionais percebem que já alcançaram seu objetivo ou que podem ser descobertos, podem desaparecer sem deixar vestígios nas empresas.

Alguns deles inclusive utilizam nome fictício e documentos falsos no processo seletivo para evitar sua localização posterior ao seu desaparecimento repentino.

Infelizmente, o rombo ou traço de destruição que deixam não some junto com eles. E suas vítimas, por vezes, acabam se culpando por terem confiado em uma pessoa que parecia tão especial ou se culpando por considerarem que fizeram algo errado, o que teria motivado o golpe – por terem deixado o psicopata “chateado”.

Vale lembrar que não há porque se culpar: é da natureza dos psicopatas mentir e enganar e são eles que fizeram algo errado e não sua vítima. A lição que fica é justamente aprender como se autodefender em uma próxima vez.

– Para poder confiar nas pessoas no trabalho, lembre-se de observar o que as pessoas fazem e não o que elas dizem:

É muito comum um psicopata praticar ações muito contraditórias com o que prega. Por exemplo: em uma reunião, conta o quanto se preocupa com as pessoas de sua equipe. Em um momento seguinte, mostra-se um chefe tirano com essa mesma equipe.

Lembre-se de observar as ações concretas, pois os psicopatas costumam ser muito bons e convincentes em seus discursos. Conhecer a vida pregressa das pessoas também ajuda muito a saber quem realmente são.

Vídeo “Como se proteger de psicopatas organizacionais?”. Para assistir no YouTube, clique aqui!

– Quando descobertos, os psicopatas não demonstram qualquer constrangimento:

Em geral, psicopatas dirão que é um mal-entendido, que se atrapalharam com informações ou números, que a culpa é de outra pessoa ou simplesmente mudarão de assunto como se nada tivesse acontecido.

Por não sentirem qualquer constrangimento, podem fingir, por exemplo, que são profissionais de uma área sem nunca terem ingressado em uma faculdade. Novamente, as ações irão contradizer as palavras.

Um observador atento perceberá que estão sendo superficiais nos assuntos que conduzem ou sobre os quais explanam, apesar de se dizerem especialistas.

– Ao reconhecer traços de um comportamento psicopático em uma pessoa, afaste-se dela o mais rápido possível:

De nada vai adiantar enfrentar ou confrontar um psicopata, pois, além de não serem capazes de sentir qualquer arrependimento ou empatia, podem se tornar ainda mais perigosos.

Por isso, o ideal é se afastar dessa pessoa, evitando, ao máximo, o contato no trabalho.

Caso tenha que conviver com uma pessoa que tenha características de um psicopata, lembre-se de deixar sempre registrado por escrito qualquer tipo de solicitação ou intervenção dessa pessoa no seu trabalho. Proteja-se!

– As empresas podem evitar a psicopatia no trabalho através de bons processos de recrutamento e seleção e também através de valores organizacionais consistentes:

Selecionar bem as pessoas que ingressam na empresa é uma forma de evitar problemas. Existem ferramentas de recrutamento e seleção que podem facilitar esse processo.

Poder contar com bons valores organizacionais faz com que a cultura organizacional reforce, de forma sistemática, o que é “certo” e o que é “errado” para a empresa. Se as pessoas de sua empresa estiverem no “caminho do bem”, o comportamento de um psicopata ficará muito evidente. Também existem ferramentas de educação em valores que podem ajudar muito nesse processo.

Conclusão:

Psicopatas organizacionais sempre existiram e continuarão existindo, enquanto a Psicologia e a Psiquiatria não encontrarem uma solução para essa questão.

Cabe a nós aprender a selecionar nossos relacionamentos pessoais e profissionais. Temos a missão ainda de nos proteger e proteger as nossas organizações dos possíveis dados que os psicopatas possam causar dentro e fora das empresas.

Lembre-se que o que é certo continua sendo certo e o que é errado continua sendo errado no trabalho e na vida. O crime, definitivamente, não compensa.

Deise C. Engelmann
Sincrony – Consultoria em Gestão de Pessoas

Sobre o Autor

Deise C. Engelmann
Deise C. Engelmann

Consultora com experiência internacional em Gestão de Pessoas (projetos no Brasil, Estados Unidos, Itália, Eslováquia e China). Sua formação foi facilitada por consultores do Brasil, Inglaterra, Estados Unidos, Austrália e Índia. Fundou a Sincrony – Consultoria em Gestão de Pessoas em 2006 em Joinville/SC. Administradora com especialização em Psicologia do Trabalho, ambos pela Universidade Federal do Paraná - UFPR. YouTuber no Canal "Sincrony Consultoria".

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